CLIO AMORDAÇADA
Por Israel Shamir
Itália nesta estação do ano é uma maravilha,
quando as verdes pastagens cobrem os vales, os primeiros figos
brotam, e as chuvas primaveris espalham pétalos de cerejeira por
toda parte. Eu estava lá, para um congresso sobre «Holocausto
e Oriente Médio: A História Amordaçada», organizada pelo
grande professor Claudio Moffa, sujeito boa pinta, estilo Paul
Newuman: Um italiano alto, magro, de olhos azúis-claros e
feições nobres, esperto para pegar na contramão as ruelas duma
só pista. Sua repulsa pelas proibições não só se limita aos
sináis de trânsito: Parece ser suficiente pôr um cartaz de
«entrada proibida» em qualquer parte, inclusive num debate
histórico, para que ele arremeta de cabeça. Descobriu a parte
mais quente e mais tabú do discurso européu e organizara um
congresso, do qual participaram professores de História das
Universidades de Siena e Calábria, Torino e Nápoles, Roma e
Urbino, assim como escritores e jornalistas de toda Itália,
sendo eu o único estrangeiro. O congresso fora realizado na
Universidade de Moffa, em Teramo, uma cidade medieval
encantadora, nos montes Abruzzos, à sombra dos altos cumes
nevados do grande monte Sasso. Entre muitos participantes e
conferencistas, mencionarei o Professor Mauro Manno, cujos
artigos voçê poderá achar no meu site (www.israelshamir.net),
e o Dr. Tiberio Graziani, editor da revista Eurásia.
Pode ler-se a respeito do congresso e das coisas que lá se
disseram na página web do professor Moffa. E aqui a minha
contribuição:
A gente não deveria se surpreender de que a
gentil Clio, a musa da História, se encontre amordaçada. Pois a
História não é uma aprazível coleção de dados e fatos. A
História é um campo de batalha, pois, ao reescreve-la, pode-se
mudar o mundo. Não há quem possa mudar o passado, diz o
provérbio, e é verdade. Mas se não estivermos conformes com o
nosso presente, podemos mudar a nossa compreensão do passado, e
isto mudará o nosso futuro. Estas coisas se sabem desde tempos
imemoriáis, e é por isso que a História tem a custódia dos
guardiões do mais sagrado, para afiançar a estrutura do poder e
dar-lhe um mínimo de continuidade. Quem controlar o passado
determinará o futuro. O tema deste congresso trata exatamente
desse assunto: estamos incômodos com o presente, nos voltamos
para o passado e, ao reformula-lo, planejamos influenciar o
futuro. Se algumas partes do discurso histórico são objeto de
uma forte defesa, ou se se encontram corrompidos e
desorganizados, com mais razão nos corresponde atacar esse
discurso.
O Holocausto não é, nem de longe, o único
domínio rodeado de sólidas defesas; na História, há outras áreas
onde a gente pode se ver em apuros se ousar meter o nariz
indevidamente. O antigo caso dos sacrifícios humanos praticado
pelos judeus voltou a emergir há pouco na Itália, com a
publicação do livro do professor Ariel Toaff, intitulado
«Páscuas de sangue» (http://www.israelshamir.net/Spanish/Sp39.htm).
Como voçês já sabem, o professor Toaff demonstrou que alguns
judeus acusados de seqüestrar e matar crianças cristãs na Idade
Média realmente eram culpados, como então o haviam ditaminado os
tribunáis. Foram ajustiçados por assassinato brutal, e de
nenhuma forma se tratava de vítimas de um suposto preconceito
cristão ou de anti-semitismo primordial. A gente poderia pensar
que isto deveria comemorar-se, pois não havia nenhuma calúnia e
sim um castigo justo; a justiça triunfara e os judeus modernos
deveriam se sentirem felizes de que o preconceito anti-judeu
medieval não seja nada além de um mito, comparável ao de os
alemães convertirem os judeus em sabão.
Porém, as organizações judias não acharam
isto nada engraçado. Atacaram o professor judeu, um especialista
em estudos medieváis judaicos duma universidade israelense. O
professor Toaff, mentalmente torturado, quase crucificado,
entrou em pánico, retrocedéu e mandou destruir o livro (por
sorte, em nossos dias isso não é tão fácil, e o livro pode ser
lido na Internet, por exemplo, no link
http://www.vho.org/aaargh/fran/livres7/pasque.pdf);
entregou o pouco de dinheiro que tinha
recebido do editor à inquisição judia da Antidifamation Defense
League, fora obrigado a se desdizer e a abjurar do que tinha
escrevido.
O parlamento israelense (Knesset) considera a
possibilidade de enviar o Dr. Toaff para a prisão, outros tratam
de incrimina-lo pelo que quer que seja. A ideia é que acabe
morrendo pobre e pesteado. Aqui na Itália, o mais natural é
compararem o Dr. Toaff com Galileu, aquele grande universitário
italiano que fora perseguido pela sua descoberta científica, e
que preferira abjurar antes que ter de se enfrentar com uma
morte feroz.
Mas, na verdade, seria melhor comparar o caso
do Dr. Toaff com o de seu colega italiano e também judeu, o Dr.
Carlo Guinzburg, autor do livro “O sabá das bruxas.”
Guinzburg demonstrou que os friulianos (habitantes de
Friuli), perto de Veneza, andavam envolvidos com magia negra,
algo procedente dos antigos cultos da fertilidade. Toaff chegara
a um resultado semelhante com relação aos judeus, que praticavam
a magia negra, e que isto se originava no seu antigo culto de
vingança e à salvação pelo sangue. Mas os friulianos não se
alteraram, enquanto que os judeus por pouco não lincharam o
professor, com o que ficou demonstrado que os friulianos são
gente de mentalidade aberta que podem contemplar com mediana
curiosidade as malfeitorias de seus antepassados, enquanto que
os judeus ainda não fizeram as pazes com a sua exclusividade,
sua não-eleição, sua não sacralidade.
Junto ao Dr. Ginzburg, o Dr. Toaff tinha
completado o processo de re-interpretação da Idade Média, que
Mircea Eliade descrevera tão bem em “Ocultismo, bruxaria e
modas culturáis”. Eliade escrevera: “Há uns 80 anos, uns
eminentes universitários como Joseph Hansen e Henry Charles Lee,
consideraram a magia negra um invento da Inquisição, não dos
bruxos. Atribuiram os relatos sobre sabás de bruxas, ritos
satánicos, orgias e crimes, a um produto da fantasia, ou como
resultado de confissões obtidas através de tortura. Agora
sabemos -escreve Eliade- que a magia negra não fora um invento
da Inquisição.” E também não o foram, podemos acrescentar, os
sacrifícios humanos praticados pelos judeus, e cuja existência
está comprovada além de qualquer dúvida.
Toaff pesquisou o caso de Simão de Trento, um
menino assassinado ritualísticamente pelos judeus expertos em
magia negra. A culpa de umas poucas pessoas judias fora provada
pelo melhor tribunal possível naqueles dias, e os judeus que
eram inocentes não sofreram mais do que os muçulmanos inocentes
nos Estados Unidos, depois do 11 de setembro. Outro caso fora o
de Hugo de Lincoln, um menino assassinado ritualmente em 1255:
Dos 90 judeus detidos pelo crime, foram libertados mais de 70,
sem um arranhão sequer, uma vez comprovada sua inocência;
enquanto que os culpados foram enforcados: nada a ver com um
linchamento de rua.
Numa nítida demonstração de manifesto
etnicismo, a enciclopédia judia pela Internet, Wikipedia,
descreve Hugo de Lincoln como “supostamente assassinado”,
enquanto que a sentença justificada figura como “infámia”.
Aquilo de “infame acusação de crime ritual” é um cunho
estandarizado com que assinalam casos como esses, para
significarem que se trata de judeus, sempre inocentes, difamados
por cristãos preconceituosos. Mas, se se puder tirar uma lição
moral destes velhos assuntos crimináis, concluiremos que o senso
de justiça e a boa fé européia prevalecera de cada vez; enquanto
se castigava os judeus culpados, os judeus inocentes continuaram
vivendo e prosperando, sendo a única comunidade não cristã a
residir em toda Europa.
A justiça muçulmana não era pior: Em 1840
acontecera em Damasco de um monje ser assassinado por uns poucos
judeus que confessaram o crime, e foram catigados. Mas isto não
afetou no mais mínimo a prosperidade de seus irmãos, e Farkhi,
um judeu de Acre, continuou sendo considerado o homem mais rico
da Síria após o escândalo. O caso fora investigado pelo grande
orientalista Richard Burton, cónsul britânico em Damasco, quem
tinha começado sendo um filo-semita evidente («se tivesse podido
escolher a qual raça pertencer pessoalmente, nenhuma teria sido
mais de meu agrado do que a raça judia»), mas reconhecera o
veredicto neste caso, e fizera um relatório completo sobre o
affaire. Os judeus de Londres compraram o manuscrito, pagando
por ele aos herdeiros de Burton, e até o dia de hoje não fora
possível publica-lo, e está esquecido nos porões do Congresso
dos Judeus Britânicos (Board of Deputies). O jornalista
britânico e judeu, Aronovitch, censurou a Síria por ter nomeado
ministro uma pessoa que tinha se atrevido a escrever sobre isto,
mas nunca mencionou a publicação britânica. Somente aludiu a uma
«calúnia infame», como se isso explicasse tudo.
Assim é; antes de existir o tema
do Holocausto, haviam as «calúnias infames» sobre crimes
rituáis. Se a gente ler os textos judeus e judeófilos anteriores
à II Guerra Mundial, perceberá que o lugar atualmente ocupado
pelo dogma do Holocausto no universo judeo-cêntrico, nunca
esteve vacante. Então esse lugar era ocupado pelo tema dos
pogroms na Rússia, o caso Dreyfus, a Inquisição, a expulsão dos
judeus da Espanha, a destruição do Templo, etc. E, além disso,
de forma recorrente, a «calúnia infame». Todas estas evocações
acarretavam a mesma mensagem: proclamavam o eterno, único,
inverossímil, e sem o mais mínimo motivo, sofrimento dos judeus,
causado pelo ódio irracional dos gentios; com isto se unificava
e movilizava os judeus em contra dos gentios; se esvairia algo
da inveja, da hostilidade e da desconfiança existentes,
convertendo isso em compaixão, e inclusive, conseguia-se
suscitar sentimentos de culpa entre os melhores goyim.
O caso
do Dr. Toaff pode ajudar nossos amigos obcecados pelo tema do
Holocausto a entenderem o âmago do assunto. Pessoalmente
respeito os dissidentes/negadores por irem contra a maré, mas
não comparto de seu zelo. Lógicamente, esses contos a respeito
de sofrimentos descomunáis e imerecidos, poderiam discutir-se à
luz dos fatos concretos. Isto foi o que fez Serge Thion em
relação ao Holocausto, e observara que Elie Wiesel, o grande
narrador do Holocausto, preferiu permanecer aferrado aos
perseguidores nazistas antes do que ficar com seus libertadores
russos (quando os alemães soltaram seus prisioneiros de
Auschwitz). A mesma confrontação com os fatos concretos fizeram
o Dr. Toaff e Sir Richard Burton com relação aos sacrifícios
sangrentos, e chegaram à conclusão de que a resposta das
autoridades tinha sido equilibrada e legítima.
O historiador russo Kozhinov investigara
sobre os pogroms na Rússia e demonstrara que nestes
enfrentamentos violentos morreram em bastante maior número
não-judeus, do que judéus! De todos, o maior e mais sangrento
pogrom, o de Kishinev, fora descrevido por Biliak, o poeta
nacional judeu, como a maior de todas as chacinas, deixando as
ruas anegadas em sangue. Num artigo recente do Haaretz,
um jornalista israelense escrevera que «ninguém duvida do
direito a existir da nação russa, ainda que os cristãos de
Kishinev no começo do século XX fincassem as unhas nos olhos das
crianças judias». Porém, diferentemente dos casos de meninos
italianos ou ingleses torturados até a morte pelos bruxos
judeus, as alegações de «unhas fincadas nos olhos, etc.» eram um
simples broto da fantasia, que fora desmentido em seguida; na
verdade, em Kishinev não mais do que 45 pessoas perderam a vida,
isto é, a quarta parte dos assassinados em Deir Yassin, ou o
equivalente à colheita mensal durante a Intifada (levante
popular palestino -N. do T.).
De modo tal que, todos esses
contos de sofrimento imerecido, podem ser objeto de revisão, mas
não para nos preocuparmos com isso, pois o único que pretendem
os produtores de semelhantes relatos é difundirem a idéia de que
os judeus são únicos e distintos, têm sofrido mais do que
ninguém no mundo, e que por isso devemos abrir-lhes o caminho,
que são o que há de melhor, enquanto que quem ousar pôr algo sob
suspeita é impugnado de estar obcecado por um anti-semitismo
místico. Esses relatos são levados adiante para despertarem a
fúria em contra dos seus supostos perseguidores, e só!
Me enojam esses contos de vítimas
coletivas, e não somente porque sua base factual seja fraca.
Pois não são o resultado, é sim a própria causa do sofrimento.
Cada vez que se publicam relatos a respeito de persecução não
provocada, não duvidéis: Seus promotores estão preparando alguma
atrocidade bestial muito característica deles. Os judeus
ergueram a história do holocausto, e acabaram com a pacífica
população palestina em 1948. Os armênios recitaram a história do
seu sufrimento único e não provocado, e seguidamente massacraram
azeris inocentes em Qarabag, durante a guerra de 1991-94,
enviando a Bakú centenas de milhares de refugiados. Poloneses e
tchêcos enardecidos pelos relatos dos seus próprios sofrimentos
sob o Reich expulsaram milhões de alemães étnicos de suas terras
ancestráis; enquanto que os ucranianos, que relataram os contos
de seu próprio sofrimento em Rzecz Pospolita, massacraram
milhares de poloneses em Volyn.
As políticas nacionáis são
paralelas às políticas de género, como sublinhado por Otto
Weininger: Assim, as feministas promoveram um discurso a
respeito do sofrimento das fêmeas sob a eterna opressão dos
machos, e com isto provocaram o colapso de muitas famílias, o
empobrecimento das mulheres e a emasculação dos homens. Um
discurso desse tipo pode equilibrar-se com um discurso
contrário. Por um lado, é verdade que os homens acostumam
recorrer à violência física, mas, por outro, as mulheres são
muito mais eficazes na agressão verbal. A língua usada como
açoite por lady Macbeth não era menos culpável do que a faca
afiada do senhor Macbeth. As mulheres sabem como provocar um
homem; e os homens respondem, às vezes com um beijo, outras com
uma bofetada, ou com balas. José matou, mas Carmen fora quem
provocara. Apesar do muito promocionado mito das garotas estilo
arame-farpado, as mulheres não tem tanto êxito quando de força
física se trata, pelo que tentam proibir a violência física, mas
permitem a violência verbal, e conseguem desterrar até o próprio
conceito de provocação.
Retomando nosso tema, se os
turcos mataram, os armênios eram os que tinham provocado; e cada
vez que houve movimentos contra os judeus, foram causados pelas
ações dos judeus. Definitivamente, sou um negador da própria
existência do anti-semitismo, sendo definido este como «ódio
irracional contra os judeus». Não existe tal coisa. Se lutou
contra a Judiaria por ser ela um poder; como o foram a Igreja
Católica Romana, e até a Standard Oil Co. Os judeus não eram
cordeiros, e sim um fator ativo da vida ideológica e económica
das sociedades nas quais estavam inseridos. A gente pode estar a
favor ou em contra deles. Mas, nada de ódio, com certeza não. Os
não-judeus tem sido mais leáis aos judeus, em muitos casos, do
que os judeus para com os não-judeus. Até a «calúnia infame»
resultou não ser calúnia, mas sim um tipo clássico de crime.
Tiveram lugar ações anti-judias
na Europa e no Oriente Médio? Com certeza. Mas, era um «ódio
irracional» o causador? Quem pode acreditar? Em 1911, o governo
dos Estados Unidos desarmara o poderoso império de John D.
Rockefeller. Como não era judeu, Rockefeller não pôde gritar que
faziam isso por anti-semitas. Não disse que o faziam porque não
agradavam suas feições, sua raça, sua educação ou seu jeito, ou
porque fosse o castigo divino pelos seus pecados. Simplesmente
acabaram com a Standard Oil Company porque se tornara demasiado
poderosa.
Pela mesma razão de valor, o
presidente russo Vladimir Putin acabara com a apropiação privada
mafiosa da companhia petrolífera Yukos e a dos seus ilegítimos
donos, uma verdadeira gangue de oligarcas facciosos
(principalmente Mikhail Jodorkovsky). Não porque fossem judeus
ou porque defendessem a democracia. O poder cria a demanda de um
contra-poder, a força chama à força contrária, e os judeus eram
e continúam a ser um poder.
A Judiaria é mais sólida do que a
Igreja Católica, isto nos é ensinado pelo destino dum cientista
italiano com quem podemos comparar o Dr. Toaff. Ontem, saindo da
Praça Central, vi uma placa comemorando Giordano Bruno, mártir
da ciência. Lia-se no cartaz: «Morto pela Igreja Católica,
inimiga da ciência». Isto você pode dize-lo livremente, e
ninguém vai injuriá-lo histéricamente: «Mas, como a Igreja!? Por
acaso, toda a Igreja? Quer dizer que as centenas de milhões de
católicos, desde o Brasil até a Polónia, também são culpados?
Quê cafajeste! O senhor é um anti-católico!» Certamente, o
último Papa pedira perdão por isso, por vontade própria.
Em vão procuraria uma placa que
comemore o filósofo, cientista e cético rabino Samuel Ibn Zarza,
autor de “Miklal Yofi”, quem expressara suas dúvidas a
respeito da criação, e fora queimado na fogueira em Valéncia,
por ordem dos judeus. Já estou pronto para que me gritem: «Mas,
como os judeus? Por acaso, todos os judeus? Anti-semita!» O que
acontece que ninguém diz nada a respeito deste caso?
Continuemos. No “Livro das
linhagens”, um livro judeu do século XV que tive o prazer de
traduzir para o inglês, há um comentário que diz: «Quando os
rabinos leram ‘em tal ano depois da criação do mundo’ o erudito
Zarza colocou a mão na barba, e com esse gesto estava aludindo à
pre-existência do mundo. Então o chefe dos rabinos, Isaac
Campton, ergueu-se e disse: por quê não arde «la zarza»(em
espanhol, «a sarça»- N.
do T.)? Sarça ardente é o que se merece o Zarza! (em alusão ao
episódio de Êxodo 3:3). Os rabinos o levaram ao tribunal e o
condenaram a morte pelo fogo, por ter acreditado na
pre-existência do mundo».
Assim é que temos o caso de dois
cientistas, que foram a parar na fogueira. Se nos adentrarmos
nos detalhes, acharemos ainda mais semelhanças.
Samuel Ibn Zarza fora executado pelo tribunal a pedido dos
judeus. Há alguns sináis de que os judeus foram ativos, nos
bastidores, para conseguirem que se desse morte também a
Giordano Bruno, porque era fortemente anti-judeu. Giordano Bruno
dizia a respeito dos judeus:‘aquela raça
tão pestilenta, leprosa e reconhecidamente perigosa, que
mereceria ser tirada de raíz e destruida, inclusive, antes de
nascer’ (Giordano Bruno, Spacio delal Bestis Trionfante
(1584). Essa opinião pesou na sua
condenação a morte, pois já naquele tempo, os judeus
podiam fazer chegar sua opinião às
autoridades, e sempre haviam suficientes oficiáis dispostos a
acatarem suas ordens. Mas, no caso de Giordano Bruno, não há
vestígios evidentes disto, e por isso segue-se lembrando do seu
caso (como o de um mártir), enquanto que o caso de Samuel Ibn
Zarza tem caido no esquecimento ou na denegação.
Se abrirmos
a enciclopédia Wikipedia na Internet, concebida por judeus, lê-se
o seguinte: “A pesar de que Samuel Shalom (um rabino judeu do
século XVI) explica que Zarza fora queimado na fogueira pelo
tribunal de Valéncia por denúncia feita pelo rabino Isaac
Camptom, quem o acusara de negar a criação do mundo, os
historiadores tem demonstrado que esta afirmação é ‘pura
fábula’”. Quer dizer que, o ministro da verdade judia, quem faz
a História ou a veta, ainda é capaz de decidir e impor sua
versão a respeito do que acontecera, e que continúa sendo “pura
fábula”! A Igreja Católica não pode nem sonhar com um poder de
tamanho alcance.
Pode ser quantificado o poder
judeu? Alguns meses atrás, o semanário britânico The
Economist publicara um mapa incomum do mundo. O território
de cada país estava representado de acordo com seu PIB (produto
interno bruto). É um mapa revelador: A Índia resultava mais
pequena do que a Holanda; a América Latina inteira não era mais
grande do que a Itália; Israel era maior do que todos seus
vizinhos árabes. Este mapa não era exatamente o mapa do poder;
para se desenhar o verdadeiro mapa do mundo deveríamos
considerar outros parámetros: O poder militar, tanto nuclear
como convencional; a influência no discurso público, através de
filmes, livros, jornáis, cátedras universitárias, posições
internacionáis. Num auténtico mapa do poder, a Judiaria
pareceria bastante impressionante, pois os judéus são um poder
importante neste mundo em que vivemos. É um poder de primeira
categoria, mais forte do que a Igreja Católica; mais forte do
que a Itália ou que qualquer Estado européu; mais forte do que a
Shell e a AGIP, ou qualquer outra multinacional.
Nos estudos cosmológicos há um fenômeno
chamado de buraco negro: Uma estrela muito densa e pesada muda a
geometria do espaço em volta dela, e os raios de luz não podem
escapar da armadilha gravitacional que ela cria. Esta estrela,
que é o buraco negro, é invisível porque é muito poderosa. Da
mesma forma, a Judiaria (2) é um buraco negro. É tão poderoso
que não se vê. A gente não está autorizado a vê-lo, e esse é o
tabú mais forte nos dias atuáis. O debate a respeito de se o
rabo movimenta o cachorro, ou vice-versa, acerca do lobby judeu
nos Estados Unidos, é uma tentativa para irmos nos aproximando
do tabú sem realmente quebranta-lo. Claro que um pequeno país do
Oriente Médio, chamado Israel, não pode “mover o cachorro
U.S.A.”. O lobby israelense da AIPAC e seus sócios não podem
pesar muito, por muito que se esforcem. Mas o lobby israelense e
o Estado de Israel são percebidos como manifestações do buraco
negro, do grão inomeável: A Judiaria moderna.
Em um debate recente entre James
Petras e Norman Finkelstein, Petras chegara muito perto do âmago
da questão ao descrever o lobby pro-israelense como “uma
engranagem de centros de reflexão pro-sionistas que vai do
American Enterprise Institute e desce, e uma configuração de
poder completa que não compreende somente a AIPAC mas também os
presidentes das Major Jewish Organizations (Maiores Organizações
Judias da América) que somam 52, mais uma série de indivíduos
que ocupam posições estratégicas no governo (Elliott Abrams e
Paul Wolfowitz, Douglas Feith, entre outros)...; o exército de
escritores assalariados que tem acesso aos principáis jornáis;
os contribuintes super-ricos que financiam o Partido Democrata;
os magnatas da imprensa com peso no Congresso e no Executivo”.
Não se trata de um lobby, é a Judiaria e ponto final.
Por quê a Judiaria é tão poderosa
agora? Em meu livro Pardes, ofereço uma explicação: Sendo
históricamente uma igreja alternativa, a Judiaria tinha como
enemiga tradicional a igreja apostólica. Quando a autoridade da
Igreja Católica Romana viu-se vencida, a alternativa adquiriu
força. Mas se esta explicação for demasiado complicada, ou
inaceitável, para os materialistas estritos, podemos traduzir
isto em dólares ou libras.
O magnata judeu Zev Chafets saira
em defesa do desportista americano Richardson que fora
suspendido por dizer que os judeus são poderosos e astutos.
Richardson dissera: “Os judeus tem o melhor sistema de segurança
do mundo. Já esteve alguma vez no Aeroporto de Tel Aviv? São
verdadeiramente cautelosos. Olhe como são odiados em todo mundo,
têm de serem precavidos. Possúem muitíssimo poder neste mundo,
entende? Eu acho isso o máximo. Não o vejo como algo ruim. Se
olhar o que acontece na maioria dos esportes profissionáis, verá
que os judeus os controlam. Se prestar atenção nas
multinacionáis de maior êxito, as empresas que fazem mais
negócios, são controladas pelos judeus. Não é nada especial que
sejam gente cautelosa.” Chafets retorquiu: “Me desculpe, mas
Richardson não disse nada ofensivo. É verdade que os judeus,
como povo, são magníficos, o tenho experimentado. E sentem
orgulho disso (especialmente os que não se manifestam). Que
outra coisa ferina se supõe que Richardson dissesse? Que Israel
tem o melhor sistema de segurança aeroportuária do mundo? Isto é
ao mesmo tempo verdade e algo que o próprio Israel divulga. Que
os judeus são odiados e necessitam se proteger? Essa é a
premissa fundacional da Anti Difamation League. É claro
que Richardson exagera quando diz que os judeus possúem a
maioria das equipes desportivas. Até onde eu saiba, os judeus
(1% da população) só possúem ‘a metade’ das equipes na NBA (e
também uma proporção bastante significativa no baseball e o
football). E daí? A mesma coisa vale para a observação de os
judeus possuírem um monte de negócios exitosos, é a verdade dos
fatos. Os judeus parecem ser o grupo étnico de mais êxito
económico nos Estados Unidos. Onde está o problema?”
Esta pergunta (“Onde está o problema?”) fora
respondida por David C. Johnston no New York Times.
Escrevera: A desigualdade de ingressos nos Estados Unidos
crescera notavelmente em 2005: 1% dos cidadãos que estão no topo
-aqueles com ingressos anuáis de mais de US$ 348.000 - receberam
a maior parte da renda nacional desde 1928, isto é o que
demonstram os novos relatórios a respeito de impostos. Os novos
dados também mostram que os 300.000 cidadãos do topo desfrutaram
coletivamente da mesma renda que os 150 milhões de
estado-unidenses que estão mais abaixo. Por pessoa, o grupo de
cima recebera 440 vezes mais do que recebe uma pessoa no último
ponto da escala, com o qual fica multiplicada por dois a
distância entre eles, desde 1980.”
Uma
pergunta que Johnston não responde (nem sequer propõe) é: “Dos
300.000 estado-unidenses de cima que desfrutaram em conjunto de
uma renda comparável à dos 150 milhões de estado-unidenses
abaixo”, quantos pertencem ao grupo étnico económicamente mais
exitoso dos Estados Unidos? Por acaso não era previsível que,
por falta de uma igreja nacional ou de outras limitações não
económicas, sua influência na política U.S.A. fosse
drásticamente proporcional à sua renda coletiva?
A “democracia” é um sistema
político ideal onde cada pessoa tem um voto e todos os votos
valem o mesmo. Este ideal, difícilmente pode ser feito
realidade, ainda quando não intervenha a desigualdade económica,
porque há gente mais ou menos influente, segundo suas próprias
habilidades. Nas condições descrevidas por Johnston, quando um
membro da elite recebe a renda de 500 pessoas comuns, a
democracia acha-se severamente socavada. Mas este ideal resulta
totalmente atraiçoado se essa gente da elite possuir a mídia e,
portanto, tem uma capacidade de formatar a visão do mundo, dos
outros. Se esses amos da mídia congregam seus recursos, como
acontece nos Estados Unidos, a democracia perde todo sentido.
Concordo, de todo coração, com Frau Angela Merkel, quando diz:
“Uma imprensa livre é a pedra angular da nossa sociedade e a
base de todas as liberdades”. Mas não consigo adivinhar por quê
ela considera que a imprensa é livre quando está nas mãos de
judeus e judeófilos, como Alfred Neven Du Mont, dono das
editoras mais antigas da Alemanha e parcialmente propietário do
jornal israelense Haaretz, ou no caso italiano, nas mãos
do próprio Berlusconi (em cuja festa de aniversário ela falara).
Por quê
esta imprensa se supõe mais livre do que uma controlada pelo
Estado, como na Rússia de Putin? Um Estado sempre pode pretender
que representa a todos os cidadãos...
Por quê insisto no assunto dos “amos judeus e
judeófilos”? Por acaso, “amos da mídia” não bastaria? Na
verdade, não. O jornal Haaretz, cujo proprietário é Du
Mont, pode publicar um ensáio chamado “Confissões de um racista
anti-alemão”, mas um jornal alemão dirigido por Du Mont jamais
publicaria um artigo de alguém que odeie os judeus. A judeofilia
integra os amos da mídia e suas multinacionáis numa só
maquinária totalitária, como a ideologia comunista integrava
toda a mídia soviética numa só entidade totalitária (e chata).
Esta comparação pode extender-se: Nos Estados Unidos, e no
Ocidente em geral, a Judiaria ocupa o ápice do controle que
ocupara em seu tempo o Partido Comunista na União Soviética;
apenas mencionado na Constituição, sem formar parte do aparelho
estatal formalmente, esta entidade opaca controlava todos os
processos e não estava controlada por forças externas. João
Silva não está representado na lista dos presidentes das maiores
organizações judias da América, assim como Ivan Públikov não
estava representado no Buró político.
Antigamente, essa posição era
ocupada pela Igreja. As campanhas anti-clericáis consumiram
muita energia e pensamento do povo, no final do século XIX e no
começo do XX. A principal queixa era a de que a Igreja
controlava a sociedade, mas não era controlada pela sociedade. O
Partido Comunista na Rússia (o Partido Fascista na Itália,
salvando as conhecidas e reconhecidas diferenças) teve de
enfrentar a mesma reclamação. Agora é chegado o momento de se
exigir a prestação de contas do último usurpador, pois a maioria
não encomendou à Judiaria que orientasse nem controlasse seu
modo de pensar. A excessiva influência da Judiaria é um
indicador da falta de democracia: Em um país verdadeiramente
democrático, a Judiaria teria uma influência proporcional a seu
número de membros. Mas, a História ainda não acabou, e a
liberdade pode renascer mandando à Judiaria, como se fizera com
a Igreja e o Partido, para um nicho modesto dentro da nossa
sociedade dinâmica.
Os revisionistas do Holocausto
acreditam que o poder judeu desmoronará se socavarem o discurso
dominante a respeito do Holocausto. Acreditam que “o poder judeu
está apoiado sobre uma mentira”. Eu não concordo. O poder da
Judiaria é muito real, está fundamentado no dinheiro, na
ideologia, e em tudo o que possa servir a um poder para se
estabelecer. Esse poder real poderia e deveria ser derrubado, e
então o discurso sobre o Holocausto já não interessará a
ninguém, a não ser aos parentes próximos.
Se se deixarem levar pelo amor à
liberdade e à compaixão, esta solução será benéfica para os
judeus, individualmente. Qual é a posição do judaismo individual
em relação à Judiaria? É a mesma que a do indivíduo membro do
Partido em relação ao Partido. Nos últimos dias da União
Soviética, havia 16 milhões de membros do Partido; era
conveniente ser membro, mas assim que ser membro do Partido
deixou de trazer benefícios, o número de membros diminuiu e
ficara reduzido a algumas centenas de milhares de pessoas. Não
vejam isso como uma tragédia: Os comunistas de ontem recobraram
a liberdade. Alguns deles (como Boris Yeltsin) se transformaram
em anti-comunistas, outros trocaram a política pela fé, ou pelo
comércio, ou pelos negócios. Os que permaneceram comunistas
também não lamentam o colapso, porque se distanciaram dos
hipócritas, e já não têm de procurar satisfazer milhões de
pequenos-burgueses; agora podem proclamar sua verdadeira crença.
Da mesma forma, desfazer a
Judiaria reduzindo sua influência a algo proporcional ao número
de seus membros causará um êxodo ideológico massivo. Dos 16
milhões de judeus, provavelmente há apenas algumas centenas de
milhares que se manterão fiéis à lei mosaica e ao Talmude, ao
estudo da Kábala (Deus os abençoe!), enquanto que o resto
descobrirá outros interesses e aflições (que Deus também os
abençoe). Todos eles agradecerão aos dissidentes como o Dr.
Toaff, quem sepultara o mito do anti-semitismo e lhes ajudara a
recobrarem sua liberdade.
Por acaso não podem ser livres
dentro do âmbito da Judiaria? Nos anos 1970-80, deu-se um debate
similar em relação à liberdade e ao pluralismo no próprio seio
do Partido Comunista. E, certamente, nada saira dali. A Judiaria
não é menos monolítica do que o Partido, também permite algumas
divergências de opinião, mas a diversidade não abarca o
suficiente. Pelo lado da direita, está Gilad Sharon (filho de
Ariel Saharon) que quer tomar dos não-judeus a sua cidadania
israelense; do outro lado está Uri Avnery, quem de fato está
propondo a mesma coisa. Podemos e deveríamos ajudar os judeus a
recobrarem sua liberdade, como acontecera com os membros do
Partido, e antes destes, com os paroquianos da Igreja, que
receberam ajuda para recuperarem a liberdade nas suas escolhas
pessoáis.
(Versão portuguesa:
Darío Fernández).
Notas:
(1) A versão original deste documento contém abundantes
referências de fontes em inglês; ver:
http://www.israelshamir.net/English/Eng16.htm
(2) Pode-se
distinguir a Judiaria, como agrupação tradicional, da Judiaria
moderna, verdadeira instituição que tenciona reger o mundo
não-judéu.
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