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As Flores da Galileia

Israel Shamir

 

Quando em 1543, as naus portuguesas empurradas pela monção se aproximaram das costas japonesas, os marinheiros nem criam no que seus olhos viam. Era um dia quente de primavera e a ilha tropical que se aproximava estava coberta dum manto de neve. Eles presenciavam uma das verdadeiras Sete Maravilhas do Mundo: as flores de sakura, a cerejeira brava do Japão. Quando o céu benevolente concede esta dádiva sazonal à terra, o japonês esquece mulher e filhos, deveres, patrão e contas; senta-se sob as árvores, bebe saké e escreve poemas curtos e penetrantes como espadas.

 

É por isso que nestes dias, deixando para trás as preocupações causadas pelos homens, eu me sento debaixo da nuvem branca de uma árvore e admiro as lindas flores de amendoeira brancas e rosadas, que cobrem as colinas da Galileia. Estas belas flores são a nossa versão da sakura japonesa, e uma oportunidade para mergulhar na contemplação da natureza. Um aroma melífluo paira no ar; o céu é de cristal azul. Malmequeres amarelos dançam na luxuriosidade do verde, misturados com ciclâmens violeta e vermelhas anémonas. O glorioso pano de fundo é fornecido pela enorme massa de neve do Jabal ax-Xheikh (Monte do Xeikh — Monte Hermon). A Palestina é uma irmã do Japão. Estas duas terras montuosas são o lar de montanheses teimosos, dedicados aos seus costumes e tradições.

 

Com todas estas semelhanças de  paisagem há contudo, diferenças. O monte em que nos sentamos, todo branco como as espumas de Jaffa, é a ruína de uma aldeia. Se estivéssemos no Japão, ela rumorejava de vida. A aldeia de Birim está, porém, morta desde há cinquenta anos, mas ainda é bela na morte, como Ofélia  flutuando na corrente do ribeiro, na pintura pre-rafaelesca de Millais. Não foi arruinada pela guerra. Os seus habitantes cristãos foram expulsos das suas casas bem depois da guerra de 1948. Foram intimados a abandoná-las  numa semana ou duas, por razões de “segurança”. Não tiveram outra opção senão acreditar nos oficiais israelitas e irem-se embora. A aldeia foi dinamitada, a sua igreja rodeada de arame farpado. Recorreram ao tribunal israelita, ao governo israelita, nomearam comissões e assinaram  petições. Tudo sem quaisquer resultados.  Desde então,  durante estes cinquenta anos, têm vivido nas aldeias vizinhas e aos domingos eles continuam a visitar a sua igreja. As suas terras foram confiscadas pelos vizinhos judeus, mas eles continuam a trazer os seus mortos a enterrar no cemitério da igreja, sob o sinal da cruz.

Até à chegada do exército israelita, esta aldeia arruinada com sua  igreja desamparada era o lar dos cristãos rurais de Birim que, durante os séculos do domínio muçulmano, viveram em paz com os seus vizinhos islâmicos de Nebi Yosha e com a velha comunidade judaica sefárdica da vizinha Safed. Esta pequena Guernica da Galileia pode só por si minar o mito de uma civilização “judeo-cristã” oposta a um “monstruoso” Islão. Este mito é a base da fundação do movimento Cristão-Sionista, entre cujos fanáticos apoiantes encontramos um amigo de Mark Rich (1), recentemente cunhado cidadão de Nova Iorque, W. J. Clinton.

 

Os problemas do Médio Oriente são bastante feios mesmo sem a difamação dos muçulmanos. Os panditas pró-Israel do New York Times citam os versículos de  enregelar o sangue  a respeito da Jihad, recontam as velhas tradições das perseguições e guerras religiosas, para “provarem” a crueldade e a intolerância do Islão. E são repetidos por uma simpática senhora da classe social superior judaica de Londres, Barbara Amiel. Sotto voce,  ela escreve a respeito do  “exclusivista” Islão e da “moderação” judaica. A fim de excitar o ódio, o lobby israelita puxa por todos os cordelinhos. Antes da fundação de Israel, os xeiques árabes eram apresentados como heróis românticos em filmes interpretados por Rudolfo Valentino. Hoje em dia, os produtores pró-Israel de Hollywood rodam filmes de propaganda a respeito de terroristas muçulmanos de barba mal feita com a subtileza de Edward D. Wood, Jr. (2). Este novo preconceito é amplificado cem vezes pelo Congresso Cristão Sionista, que pretende “proteger os cristãos da Palestina contra a perseguição muçulmana (?!)”. Esta gente obviamente nunca viu as ruínas de Birim.

 

Chega-me às mãos outro e-mail, desta vez de Gaza. Uma moça americana, Alison Weir, de São Francisco, escapada às balas israelitas, conforta as amedrontadas crianças palestinas, e escreve: “O problema é quando se sabe a verdade, demasiadamente cruel e demasiadamente oposta ao que estávamos acostumados a pensar e que toda a gente ainda pensa poder exprimir. A mentira é demasiadamente grande, a repressão total, a vida dos Palestinos é horrível para descrever razoavelmente.”

 

Bem, Alison tem razão. Nós enfrentamos uma enorme mentira, um libelo de sangue contra  o Islão,  e é tempo de o denunciar e eliminar Não penso que os problemas do Médio Oriente tenham a ver com a religião. Mas, se os apoiantes de Israel querem despertar o adormecido fantasma da intolerância para incitarem os cristãos contra os muçulmanos, então analisemos a questão.

 

Se estes Sionistas Cristãos se importam com Cristo, e não apenas por Sião, que eles aprendam o que muçulmanos e judeus sentem em relação a Cristo. Rami Rozen expressou a tradição judaica num longo artigo no jornal israelita Haretz: “Os Judeus sentem em relação a Jesus o mesmo que sentiam no século IV ou na Idade Média... Não é medo, é ódio e desprezo”. “Durante séculos, os Judeus esconderam dos Cristãos o seu ódio a Jesus, e esta tradição continua viva ainda hoje”. “É revoltante e repulsivo”, disse um importante pensador religiosos judaico. Rozen escreve que esta “repulsa passou dos judeus praticantes ao povo israelita em geral.”

Na véspera de Natal, segundo um relato no jornal de Jerusalém, Kol Ha-ir, os Hassids (3) habitualmente não lêem livros sagrados, o que poderia salvar Jesus do castigo eterno (o Talmude ensina que Jesus ferve no Inferno). Este hábito estava a morrer, mas os Hassids de Habab, nacionalistas fanáticos, deram-lhe nova vida. Ainda me lembro dos velhos judeus cuspindo quando passavam por uma igreja, e lançando pragas sobre os mortos ao passarem por um cemitério cristão. No ano passado, em Jerusalém, um judeu decidiu refrescar a tradição. Cuspiu sobre o Crucifixo, levado na procissão ao longo da cidade. A polícia salvou-o de trabalhos, mas o tribunal multou-o em $50, apesar dele alegar que apenas fizera um dever religioso. 

 

No ano passado, o maior tablóide israelita Yedioth Aharonoth reeditou na sua biblioteca o anti-Evangelho judaico Toledoth Eshu, compilado na Idade Média. É a sua terceira edição, incluindo uma num jornal. Se o Evangelho é o livro do amor, Toledoth é o livro do ódio a Cristo. O herói do livro é Judas. Ele captura Jesus, poluindo a Sua pureza. Segundo o Toledoth, a concepção de Jesus foi em pecado, os milagres de Jesus foram feitiçarias, a Sua ressurreição um truque.

 

Joseph Dan, professor de misticismo judaico na Universidade Hebraica, escrevendo a respeito da morte de Jesus, afirmou: “ Os modernos apologistas judaicos, adoptados com hesitação pela igreja, preferiram atribuir a culpa aos romanos. Mas o judeu medieval não foi nisso. Ele tentou provar que Jesus tinha de ser morto, e estava orgulhoso de O ter morto. Os Judeus odiavam e desprezavam Cristo e os cristãos”. Na verdade, acrescenta o prof. Dan, há pouco espaço para a dúvida de que os inimigos judeus provocaram a sua execução.”      

Ainda hoje, os judeus em Israel referem-se a Jesus rebaixando-o com a palavra Yeshu (em vez de Yeshua), que quer dizer: “Pereça o seu nome”. Argumenta-se correntemente, se foi o Seu nome que se tornou uma praga, ou o contrário. Com um trocadilho semelhante, o Evangelho é chamado “Avon Gilaion’, o livro do Pecado. São estes os sentimentos por Cristo dos amigos dos Cristãos Sionistas.

 

E quanto aos muçulmanos? Os muçulmanos veneram Cristo. Chamam-Lhe “A Palavra de Deus”, “Logos”, Messias, o Profeta, e é considerado “um Mensageiro de Deus”, do mesmo modo que Abrahão, Moisés ou Maomé. Muitos capítulos do Corão contam a história de Jesus, o Seu nascimento virginal e a Sua perseguição pelos Judeus. A Sua Santa Mãe é admirada, e a Imaculada Conceição é um dos dogmas do Islão. O nome de Cristo glorifica o edifício dourado de Haram ash-sharif (4). Segundo a fé muçulmana, foi ali que o fundador do Islão se encontrou com Jesus, e ambos rezaram juntos. O Hadith, a tradição muçulmana, diz em nome do profeta: “Nós não proibimos a crença em Cristo, nós ordenamos que o façam”. Os muçulmanos identificam o seu profeta com Parácletos, o Consolador (ver S. João 14:16) (5), cuja vinda foi profetizada por Jesus. Eles veneram os lugares associados com a vida de Jesus: o lugar da Ascensão, o Túmulo de Lázaro e o Santo Sepulcro estão adjacentes a uma mesquita e são perfeitamente acessíveis aos cristãos. Eles proclamam-No o Messias, o Ungido, o Habitante do Paraíso. Esta ideia religiosa, familiar aos Nestorianos (6) e a outras igrejas primitivas, mas rejeitada pela principal corrente cristã, abriu as portas aos judeus que se sentiam apertados no estrito monoteísmo judaico. Por isso muitos judeus e cristãos da Palestina do século VII aceitaram o Islão e se tornaram muçulmanos palestinos. Permanecem nas suas aldeias e não foram para a Polónia ou Inglaterra, não aprenderam o iídiche, não estudaram o Talmude, mas continuaram a apascentar os seus rebanhos e a plantar as suas amendoeiras, e mantiveram-se fiéis à sua terra e à grande ideia da fraternidade entre os homens.

A sul de Hebron, nas ruínas de Susiah, pode ver-se como no decurso de dois séculos uma sinagoga

lentamente se transformou numa mesquita, à medida que a população das cavernas próximas foi abandonando a fé exclusivista dos feiticeiros da Babilónia e adoptou o Islão. Estes pastores ainda aí vivem, nas mesmas cavernas. No ano passado, o exército israelita tentou por duas vezes expulsá-los para fornecer espaço aos novos colonizadores de Brooklyn.

 

Por que razão, nesta estação do florir das amendoeiras, eu me ponho a pensar no delicado assunto das atitudes judaica e muçulmana para com Cristo? Porque alguém tem de parar os moinhos de ódio operados pelos apoiantes de Israel. Porque a linguagem codificada “Judeo-Cristã” está a ser usada para justificar o arame farpado em volta da igreja de Birim e os tanques que cercam Belém. Porque há o dever de eliminar os obstáculos do caminho dos cegos.

 

A maioria dos cristãos sionistas são almas transviadas, gente com boas intenções mas poucos conhecimentos. Pensam que “apoiam os judeus”, mas na verdade promovem o espírito de ódio a Cristo entre os judeus. Não foi em vão que um herói da Bíblia Sionista, o Exodus de Leon Uris, tinha um cartaz no seu quarto com este dizer: “Nós crucificámos Cristo”. Não foi em vão que um soldado israelita no bloqueio estradal a Belém, me disse ontem: “Nós matamos as bestas à fome”, referindo-se aos nativos cristãos da cidade da Natividade. Não foi em vão que o Evangelho foi queimado numa estaca em Israel, enquanto a literatura anti-Evangelho é largamente difundida; que os novos judeus imigrantes que abraçam o Cristianismo são perseguidos e deportados; que todo o pregador da fé de Cristo em Israel pode ser mandado para a prisão segundo as novas leis anti-cristãs; que os arqueólogos israelitas arrasam os lugares e os monumentos sagrados cristãos da face da Terra Santa.

 

Para os líderes dos sionistas cristãos, que por certo conhecem estes factos, mas guiam  o seu inocente rebanho no caminho para o Anti-Cristo, eu digo: “Porém o que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço a mó que um asno faz girar, e que o lançassem no fundo do mar” (S. Mateus 18:6).

 

Aos meus irmãos judeus eu digo: opiniões dos judeus medievais não nos obrigam. Todo o judeu pode decidir por si mesmo, quer para rezar pela destruição dos gentios, quer para compartilhar as bênçãos da Terra Santa com os aldeões de Birim e Belém. Dentro do povo judeu, há sempre descendentes espirituais dos profetas que quiseram trazer a paz e a bênção a todos os filhos de Adão. Tão verdadeiro como este florescimento das amendoeiras, em vós a profecia será cumprida. “Todas as nações da terra vos abençoarão! (Deut. 7) ¶

 

(1 )Grande financeiro americano e vigarista internacional (n. 1932). Em 1983 foi acusado de subtrair 48 milhões de dólares ao erário público e de ter cometido 51 fraudes fiscais, Fugiu para a Suíça, mas foi perdoado pelo Presidente W. Clinton, talvez por na América das “possibilidades ilimitadas” os grandes vigaristas serem admirados como “grandes homens”. LUSO.

 

(2) Edward D. Wood, Jr. (1924-1978), considerado por uns o melhor, por outros, o pior realizador do mundo, especializado no filme sinistro ou de horror, muito ao gosto da subcultura americana. LUSO

 

(3) Hassids ( = piedosos), membros dum movimento místico judaico, surgido no século XVIII na Europa oriental. Combateram a doutrina talmúdica. LUSO

 

(4) Haram ash-sharif, ou al-Haram al-qudsii ash-sharif, que quer dizer, mais ou menos, “o sagrado santuário do representante do Profeta” é um conjunto de edifícios religiosos em Jerusalém, que os Palestinos continuam a considerar a sua capital, embora ocupada pelos israelitas desde 1967. Desse santuário faz parte a Mesquita al-Aqsa, recentemente em foco, porque os Palestinos se opuseram a obras que os israelitas fizeram junto dela e pareciam minar as fundações do templo. Deduzindo, o edifício dourado que tem o nome de Cristo é um dos muitos templos deste santuário muçulmano. LUSO

 

(5) Parákletos é palavra grega que significa ‘defensor, consolador, intercessor’. Costuma entender-se como o próprio Cristo divino e humano. Logo, Maomé seria um novo Cristo. LUSO

 

(6) Segundo os Cristão nestorianos, há em Cristo duas pessoas distintas, a humana e a divina. LUSO

 

 

  

Os judeus na Rússia e na Palestina: uma comparação

Israel Shamir

 

Dias negros caíram sobre o povo de Israel; negros porque tudo o que nossos pais e nós próprios dissemos, chorámos, e lamentámos foi tão genuíno como uma nota de 3 dólares (1). Em 1968, pintei numa parede na URSS: “Fora da Checoslováquia!”

 

O poeta russo-judeu Alexander Galitch cantou com a sua bela voz de baixo: “Cidadãos, a nossa Pátria está em perigo! Os  nossos  tanques rolam num país estrangeiro!” Segurando um tal letreiro, alguns judeus saíram para a Praça Vermelha, onde foram espancados pela polícia. Como cidadãos russos que zelavam pela honra mesmo quando isto contrariava um patriotismo mal compreendido, nós protestámos contra os tanques russos que rolavam em Budapest, Praga e Kabul. Passaram muitos anos. Agora são os tanques judeus que rolam numa terra estrangeira. Não rolam apenas — matam civis pacíficos, destruindo casas, mantendo milhões de Palestinos macilentos e bloqueados. Esperar-se-ia que muitos intelectuais judeus sairiam para as praças de Israel e outros lugares públicos para protestarem contra isso?

 

Mas absolutamente nada disso aconteceu. Os nossos intelectuais apenas celebraram os nossos “valentes combatentes judaicos”, as mão firmes e o olhar preciso dos nosso atiradores judaicos, e o ilimitado humanismo do povo judaico, que era capazes de transformar todos os goyim (2) palestinos em carne picada, mas se limitava a ferir apenas algumas centenas por dia.

 

Activistas dos “direitos humanos”, tais como Sharansky, opuseram-se às leis da propiska  (registo de residência) (3), do mesmo modo que os nossos avós tinham lutado contra a Reserva de Residência(4) sob o czar. Mas depois que os nosso avós ganharam a sua batalha, eles arrebanharam os goyim palestinos em reservas, comparada com as quais a Reserva de Residência do czar se parece com uma  sociedade aberta: um  palestino não pode visitar uma aldeia próxima da sua sem pedir autorização aos israelitas, sem ser revistado e sem que lhe inspeccionem os documentos. Claro que ele nem sequer sonharia em ir ver o mar, a poucos quilómetros da sua casa.

Os judeus protestaram contra a discriminação no trabalho e nas escolas. Mas agora criaram um sistema de total discriminação nacional. Dum total de 13.000 trabalhadores na Companhia de Electricidade de Israel, apenas seis são goyim. Ou seja: 0, 0004%!

Os goyim compreendem 40% da população desde a Jordânia até ao mar, mas apenas um quarto deles é autorizado a votar. Não há um único goy no Supremo Tribunal israelita, no ramo executivo do governo, entre os generais, na aviação, ou nos serviços secretos. Não um único goy a trabalhar no jornal israelita Haaretz.

Aquilo que os judeus têm dito na Rússia devia ser re-escrito em vista dos acontecimentos recentes. Temos lutado não pelos direitos humanos, mas apenas pelos direitos judaicos. Temos advogado a liberdade de movimento e de escolha de ocupação apenas para os judeus. Não somos contra os nossos tanques que rolam em terras estrangeiras, somos apenas contra os tanques russos.

 

E quando vemos uma infeliz criança de mãos no ar diante duma arma apontada para ela, temos pena apenas se se tratar duma criança judaica. O filho de goy pode ser morto à vontade.

 

Quando Byálik (5) escreveu “o diabo não inventou um castigo apropriado para a morte duma criança”, ele aparentemente só via uma criança judaica. Quando ele ficou aterrorizado por visões de pogroms (6), ele ficou aterrorizado porque eram pogroms contra judeus. Um pogrom em si mesmo é uma ocorrência habitual e normal. Recentemente, os judeus da Nazaré Superior fizeram um pogrom contra os árabes de Nazaré Inferior, mas nenhum dos seus executantes foi processado. Pelo contrário, a polícia matou a tiro algumas vítimas do pogrom. E ainda outro pogrom em escala maciça foi perpetrado contra a pacífica e inocente vila palestina de Beth Jallah.

Na Rússia czarista — que os nossos avós amaldiçoavam de todas as maneiras e acabaram por arruinar — os pogroms mataram menos pessoas durante cem anos do que nós matámos na Palestina numa só semana. O pogrom mais terrível, o de Kishinev (na Moldávia) tirou a vida a 45 pessoas e fez 600 feridos. O número total das recentes vítimas árabes dos israelitas, desde Setembro até agora (31 de Outubro de 2000) é 150 mortos e 4.000 feridos.

 

Depois de um pogrom na Rússia, centenas de honestos goyim, os escritores russos e toda a intelligentzia, levantaram a voz contra os executantes que participaram na violência. Mas em Israel, apenas uma mão cheia protestou, enquanto que a União dos Escritores Judaicos  apoiou os assassinos israelitas.

 

Quando em 1991 os judeus na Rússia defenderam os direitos à propriedade privada em desafio ao Comunismo, eles referiam-se apenas aos direitos de propriedade dos judeus, porque a propriedade privada dos goyim nós confiscámos livremente, como se não pertencesse a ninguém.

 

Ide a pé pelas zonas de luxo de Jerusalém — Talbieh, velha Catamon, os velhos bairros dos gregos e alemães. Todos estes palácios pertenceram a gentios — alemães, arménios, gregos, palestinos, ortodoxos e muçulmanos.

Foram confiscados e dados a judeus. Recentemente, centenas de hectares foram confiscadas aos gentios e dúzias de casas palestinas foram destruídas.

 

O ricaço judeu-russo Gusinsky voou para Israel para nos apoiar na nossa luta. Não há muito apelou à comunidade mundial, na altura em que a Rússia estava a libertar a televisão das suas cadeias. O seu apoio ao estado de “Israel” significa que Gusinsky concorda com a segregação e prisões baseadas na etnicidade. Ele só é contra a confiscação da propriedade judaica. Ele é contra a prisão de judeus. Os goyim podem estar presos durante décadas sem serem julgados em tribunais, que é o que acontece no nosso estado judaico.

Que é que nós não fizemos igual aos nazis alemães? O seu racismo? Não o temos menor. O jornal de Jerusalém de língua russa, “Priamáia  Retch” (7) realizou um inquérito entre os judeus russos em relação às suas atitudes para com os palestinos. Os judeus russos disseram: “Eu quero matar todos os árabes”, “Todos os árabes devem ser mortos.”

 

Temos de admitir que éramos contra o racismo desde que ele fosse dirigido contra nós. Éramos contra o nazismo quando ele era um nazismo estrangeiro. Mas os nossos próprios carniceiros judaicos são objecto da nossa complacência.

 

Diante de nós há duas vias abertas. Podemos, como o povo de Nínive, arrepender-nos, entregar os bens rapinados, conceder inteira igualdade, parar com a discriminação e esperar o perdão de Deus. Ou então, persistir nos nossos pecados, como os habitantes de Sodoma,  e preparar-nos para o fogo  e o enxofre que hão de cair dos céus furiosos da Palestina. ¶

 

(1)Não há notas de 3 dólares. LUSO

 

(2) goy, pl. goyim,   palavra hebraica, significa “gentio, não judeu”, qualquer coisa como “boi” ou “gado”. LUSO

 

(3) Palavra russa, “permissão de residência temporária”. LUSO

 

(4) ‘Pale of Settlement’ (ing.) = paliçada de fixação. LUSO

 

(5)Poeta judeu de origem russa. LUSO

 

(6)Pogrom, palavra russa (lê-se pagróm), significa “devastação, destruição”. LUSO

 

(7) “Discurso directo” (russo)

 

Clio (1) Amordaçada

Israel Shamir

 

(...)

“Sem dúvida alguma o Holocausto é o único domínio da História vigorosamente proibido, e se alguém pretender investigá-lo encontrar-se-á no mar alto de águas profundas (2). O velho caso dos sacrifícios humanos judaicos ressurgiu recentemente na Itália com a publicação do livro do Dr. Ariel Toaff, “Páscoas de Sangue”. Como já devem saber, o Prof. Toaff provou que alguns judeus acusados de raptarem e matarem crianças cristãs na Idade Média foram na verdade culpados desse crime. Eles foram executados por assassínio brutal e não foram vítimas de alegado preconceito cristão ou anti-semitismo primário. Pode pensar-se que seria motivo para celebrar: os criminosos não apenas ficaram com o labéu, mas foram devidamente punidos; justiça foi feita e os modernos judeus deveriam estar felizes porque o mito medieval contra os judeus não era afinal um mito, semelhante ao mito de os alemães transformarem judeus em sabão.

Mas as organizações judaicas não ficaram de modo algum felizes. Elas atacaram o Professor judaico de Estudos Judaicos Medievais numa Universidade israelita; o Dr. Toaff mentalmente torturado, quase crucificado, retirou e destruiu o livro (afortunadamente nos nossos dias isso não é fácil, e o livro pode ser lido na rede em www.vho.org/aaargh/fran/livres7/pasque.pdf) (3), entregou a pequena soma pecuniária que recebera do editor à inquisição judaica do ADL (4), e foi forçado a um novo acto de arrependimento.

O Parlamento israelita (Knesset) planeia mandar o Dr. Toaff para a prisão, outros tencionam processá-lo, e fazer dele um miserável   ex-comunicado. Aqui na Itália, é natural comparar o Dr. Toaff com Galileu, o grande sábio italiano, que foi perseguido pela sua descoberta científica e preferiu o arrependimento à morte pelo fogo.

Mas o caso do Dr. Toaff compara-se melhor com o de seu colega italiano Dr. Carlo Ginzburg, o autor de “O Sábado das Bruxas”. Ginzburg provou que os friulanos, isto é, o povo de Friuli, vizinhos de Veneza, entregavam-se à Magia Negra, que resultara do velho ritual da fertilidade. Toaff conseguiu o mesmo resultado em relação aos judeus, concluindo que eles se entregavam também à Magia Negra, que proviera do seu antigo culto da vingança e da salvação pelo sangue. Contudo, os friulanos permaneceram serenos, enquanto os judeus quase lincharam o Professor, provando assim que os friulanos têm uma mente aberta que pode olhar com simples curiosidade para as más acções dos seus antepassados, enquanto os judeus não se podem conformar com a sua não-exclusividade, a sua não-eleição, a sua não-sacralização.

Juntamente com o Dr. Ginzburg, o Dr. Toaff completou o processo de reavaliação da Idade Média, que foi tão bem descrita por Mircea Eliade no seu livro “Ocultismo, Bruxaria e Modos Culturais”. Eliade escreveu: “Há uns 80 anos, os proeminentes académicos Joseph Hansen e Henry Charles Lee consideravam a magia negra uma invenção da inquisição, não dos feiticeiros. Eles consideravam as histórias do Sábado das bruxas, os ritos satânicos, as orgias e crimes como sendo uma fantasia ou o resultado de confissões forçadas pela tortura. “Agora sabemos — escreve Eliade — que a magia negra não foi inventada pela inquisição”. Nem, podemos acrescentar, foram por ela realizados os sacrifícios humanos dos judeus que se tinham julgado provados  para além de qualquer dúvida razoável.

(...)

Mas, se se pode extrair uma lição destes antigos casos criminais, ela é que o sentido europeu de justiça e equidade prevaleceu invariavelmente; enquanto os judeus culpados eram punidos, os judeus inocentes viviam e prosperavam como a única comunidade não-cristã da Europa.

 

A justiça muçulmana não era pior também. Em Damasco, em 1840, um frade católico foi morto por alguns judeus, que confessaram o seu crime e foram punidos. Mas isto não interferiu com a prosperidade dos seus correligionários, e Frakhi, um judeu de Acre, era considerado o homem mais rico da Síria, mesmo depois desse caso ter sido arrumado. O caso foi investigado pelo grande orientalista, Sir Richard Burton, o cônsul britânico em Damasco, que começou por se confessar judeófilo (“Se eu tivesse a possibilidade de escolha da minha raça, de boa vontade escolheria a judaica”), mas aceitou a sentença contra os judeus neste caso, e escreveu uma complexa exposição do mesmo. Os judeus de Londres pagaram bom dinheiro para comprarem o manuscrito de Burton que nunca chegou a ser publicado até hoje, e se mantém guardado nas caves da Mesa de Deputados dos Judeus Britânicos. Um jornalista judeu britânico, Aaranovitch criticou a Síria por um seu ministro se ter atrevido a  escrever sobre o assunto, mas nunca mencionou a investigação de Burton, e apenas exclamou “é um libelo de sangue”, como se isto explicasse tudo.

Na verdade, antes de haver o Holocausto havia libelo de sangue. Quando se lê textos judaicos ou judeófilos de antes da II Guerra Mundial, nota-se que o lugar actualmente ocupado pelo dogma do Holocausto no universo judeocêntrico não estava desocupado; estava tomado pelos pogroms da Rússia , pelo julgamento de Dreyfus, pela Inquisição, pela expulsão da Espanha, pela destruição do Templo, e em grande parte pelo “libelo de sangue”. Todos estes assuntos portavam a mesma mensagem: o sofrimento dos Judeus, eterno, único, sem motivo e sem razão, causado pelo ódio irracional dos Gentios; e uniam e mobilizavam os Judeus contra os Gentios; e transformavam alguma inveja, hostilidade e desconfiança em piedade, chegando mesmo a criar complexos de culpa entre os melhores goyim.

O caso do Dr. Toaff pode ajudar os nossos amigos, que estão muito envolvidos com a narrativa do Holocausto, a verem a questão. Respeito os dissidentes/ negadores por irem contra a corrente, mas não compartilho do seu entusiasmo. Sim, estas histórias de sofrimento único e imerecido pode ser contradito em bases factuais. Isto foi o que o Dr. Serge Thion fez em relação ao Holocausto, notando que Elie Wiesel, a grande narradora do Holocausto, preferiu ficar com os seus perseguidores nazis a ficar com os seus libertadores russos. Isto foi o que o Dr. Toaff e Sir Richard fizeram a respeito dos sacrifícios de sangue, provando que a reacção das autoridades foi comensurada e legítima.

O historiador russo Kojinov estudou os pogroms russos e provou que foram mortos nestes encontros violentos mais não-judeus do que judeus.  O maior e mais sangrento pogrom, o de Kishinev, foi descrito por Biálik, o poeta nacional judaico, como o maior dos massacres com sangue a correr pelas ruas, e em recente número do Haaretz, um jornalista israelita escreveu que “ninguém duvida do direito da nação judaica à existência porque os Cristãos em Kishinev no princípio do século XX meteram as unhas nos olhos das crianças judaicas.” Contudo, em oposição aos casos dos bébés italianos e ingleses torturados até à morte pelos mágicos negros judaicos, as alegações de “unhas pelos olhos dentro, etc.” eram um voo imaginativo, enquanto o número total de mortos em Kishinev foi de 45, um quarto dos mortos de Deir Yassin, a ceifa de um mês da Intifada.

E assim é com todas as histórias de sofrimento não provocado, de modo que por que nos preocuparmos se a única coisa que os produtores das narrativas pretendem é transmitir a ideia de que os Judeus são únicos e especiais, sofreram mais do que qualquer outro povo, e é por isso que eles têm direito a fazerem o que querem e são os melhores que há, enquanto que quem duvida está obcecado por anti-semitismo místico Estas narrativas são produzidas para despertarem a fúria contra os seus alegados perseguidores, c’est tout.

Eu muito detesto estas histórias de vitimização, e não somente porque elas são factualmente fracas. As Histórias de vitimização não são o resultado, mas uma causa de sofrimento. Sempre que estas histórias de perseguição não provocada aparecem, não tenhamos dúvida: os seus promotores estão preparando uma atrocidade bestial da sua autoria. Os judeus brandiram a história do holocausto e arrasaram a pacífica população palestina em 1948. Os arménios recitaram a história do seu sofrimento não provocado e único e massacraram inocentes civis azeris em Karabakh na guerra e 1991-94 (1), mandando centenas de milhares de refugiados para Baku. Polacos e Checos inflamados por histórias do seu sofrimento sob o Reich expulsaram milhões de alemães étnicos das suas terra ancestrais, enquanto os ucranianos que contavam as suas histórias de sofrimento em Rzecz Pospolita massacraram os polacos de Volhinia aos milhares.(2)

(...)

Voltando ao assunto, se os Turcos mataram, os Arménios provocaram; e sempre que havia acções contra os Judeus, elas tinham sido causadas por acções dos Judeus. Na verdade, sendo um perfeito negador, eu nego a própria existência do anti-semitismo, o “ódio irracional contra os Judeus”. Não existe. A Judiaria foi combatida, sempre por qualquer potência, desde a Igreja Católica até à Standard Oil Company. Os Judeus não são cordeiros, mas sim um factor activo da vida económica e ideológica. Pode-se ser a favor ou contra eles. Mas, “ódio”? Certamente que não. Os não-judeus têm sido usualmente mais leais para os Judeus do que estes para eles. Mesmo o “libelo de sangue” acaba por ser não um libelo, mas um regular caso do foro criminal.

Houve acções anti-judaicas na Europa e no Médio Oriente? Sem dúvida que houve. Mas, foram causadas por “ódio irracional”? Ódio...uma ova! Em 1911, o governo dos EUA desfez o poderoso império de John D. Rockefeller. Não sendo judeu, Rockefeller não podia alegar que se tratava de amti-semitismo. Ele não disse que fora por causa de eles não gostarem do seu aspecto, da sua raça, da sua criação, maneiras, ou que fora como castigo divino pelos seus pecados. Eles romperam com a Standard Oil Company porque ela se tornara excessivamente poderosa. Pela mesma boa razão, o Presidente russo Vladimir Putin rebentou com a companhia petrolífera dos seus indisciplinados oligarcas. Não porque eram judeus ou porque apoiavam a democracia. O poder cria uma necessidade de contra-poder, a força provoca uma contra-força. e os Judeus eram e são um poder.

A Judiaria é mais forte do que a Igreja Católica, como aprendemos do destino do cientista italiano com quem podemos comparar o Dr. Toaff. Ontem, muito perto da praça principal, vi uma placa comemorativa de Giordano Bruno (3), o mártir da ciência. Dizia: “Ele foi morto pela Igreja Católica, a inimiga da ciência”. Folheai centenas de livros, percorrei a Internet, e lereis que a Igreja é culpada deste crime: “Toda a Igreja? TODOS os biliões de Católicos do Brasil até à Polónia, são culpados? Que desfaçatez! Vocês são anti-católicos!” Na verdade, o falecido Papa até pediu desculpa por isso, como era seu hábito.

Em vão procurareis uma placa comemorativa do filósofo judeu, cientista e céptico, o Rabi Samuel Ibn Zarza, o autor de Milal Yofi, que exprimiu as suas dúvidas sobre a Criação e foi queimado na fogueira em Valência — por ordem dos Judeus. Agora, fico à espera que me gritem. “Todos os Judeus? Anti-semita!” Quê? Ninguém diz nada? Pois bem, prossigamos. No “Livro de Linhagens”, um livro judaico do século XV, que tive o prazer de traduzir (para inglês), há  um dito de falso brilhantismo: “Quando os rabis leram ‘O ano tal e tal desde a criação do mundo, este Zarza pôs a mão na barba e aludiu à pré-existência do mundo,  segurando os cabelos da sua barba. O Rabi-chefe Isaac Campanton levantou-se do seu lugar e disse: Por que é que esta sarça (zarza) não arde? Ponhamos-lhe fogo!” (Este trocadilho alude ao Êxodo 3:3) (4).

Os rabis levaram-no ao tribunal e fizeram que o condenassem à morte pelo fogo por ter confessado a pré-existência do mundo.

Assim, houve dois cientistas, ambos mortos pelo fogo, um mandado para a fogueira pela Igreja e o outro dado para a fogueira pelos Judeus. Se procurarmos encontraremos outros casos semelhantes. Samuel Ibn Zarza foi executado pelo tribunal por instigação dos Judeus. Há indícios de que os Judeus estiveram também activos por trás das cenas  em mandar Giordano Bruno para a morte. Giordano Bruno chamava aos Judeus “raça pestilencial, leprosa e publicamente perigosa que merecia ser desenraizada e destruída mesmo antes do seu nascimento” (Giordano Bruno, Spacio della Bestia trionfante (1584). Esta opinião contribuiu para a sua execução, pois já então, os Judeus tinham acesso aos espiões das autoridades, e havia sempre oficiais prontos a seguirem as suas ordens. Mas no caso de Bruno, não há traços visíveis, e por isso o seu caso é conhecido, enquanto o caso de Samuel Ibn Zarza está esquecido ou sonegado.

Se abrirdes a Wikipedia, editada por judeus, lereis: “Embora Samuel Shalom ( sábio judaico do século XVI) afirme que  Zarza foi queimado na fogueira pelo tribunal de Valência por denúncia do Rabi Campanton, que o acusou de negar a criação do mundo, os historiadores provaram que esta suposição é mera lenda.” Assim, o Ministro da Verdade judaico, que critica e faz história, ainda pode decidir e estabelecer o que foi que aconteceu e o que permanece como “mera lenda”. A Igreja Católica não pode nem sonhar ter uma tal capacidade.

 

É possível quantificar o poder judaico? Há meses o semanário britânico “Economist” publicou um mapa desusual do mundo: o território de um país era representado em tamanho proporcional ao seu PNB. Era um mapa revelador: a Índia era mais pequena do que a Holanda, toda a América Latina era do tamanho da Itália; Israel era maior do que todos os seus vizinhos árabes. Este mapa não era exactamente o mapa do poder. A fim de desenhar o verdadeiro mapa do mundo deviam ser considerados outros parâmetros também: o poder militar, a capacidade convencional e nuclear, a influência discursiva ligada à produção de filmes, livros, jornais, cátedras universitárias, posições internacionais. Num tal mapa do poder, a Judiaria pareceria bastante impressionante. Os Judeus são uma importante potência no mundo em que vivemos. É uma potência de primeira grandeza, mais forte do que a Igreja Católica, certamente mais forte do que a Itália ou qualquer estado europeu individual, mais forte do que a Shell e a Agip (5) ou qualquer corporação trans-nacional.

 

Nos estudos do espaço interstelar, há um fenómeno chamado “buraco negro”: uma estrela muito densa e pesada que altera a geografia do espaço circundante e os raios de luz não podem escapar à armadilha gravitacional que ela cria. Tal buraco negro é invisível porque é demasiado poderoso. Do mesmo modo, a Judiaria é um buraco negro. É tão poderosas que não pode ser vista. Ninguém tem a permissão de a ver. Este é o tabu mais forte da actualidade. A famosa discussão da “cauda que abana o cão”, a respeito do lobby judaico nos EUA, é uma tentativa de rodear o tabu, sem o destruir. Na verdade, um pequeno país   do Médio Oriente chamado Israel não tem possibilidade de “abanar o cão EUA”. O lobby israelita do   AIPAC (6) e outros não podem influenciar muito, malgrado os seus esforços. Mas o lobby israelita e o estado de Israel são percebidos como manifestações do Buraco Negro, do grande Inominável: a Judiaria.

Num recente debate entre James Petras (7) e Norman Finkelstein (8), o Dr. Petras aproxima-se muito da realidade quando descreve o lobby pró-Israel como ”um inteiro cordão de cabeças pró-sionistas do American Enterprise Institute para baixo, e... toda uma configuração de poder, que não só envolve o AIPAC, mas também os Presidentes das maiores organizações judaicas americanas, em número de 52... e indivíduos que ocupam posições cruciais no governo (Elliot Abram e Paul Wolfowitz, Douglas Feith e outros),... o exército dos escritores de opinião que têm  acesso aos maiores jornais... os super-ricos contribuintes do Partido Democrático, os grandes magnates dos Media com influência no Congresso e no Executivo”. Não é um lobby, é a Judiaria.

Por que razão é a Judiaria tão poderosa agora? No meu livro “Pardes” (9), eu dei uma explicação: sendo historicamente uma igreja alternativa, a Judiaria tinha um inimigo tradicional na igreja Apostólica. Quando a influência predominante da Igreja Católica Romana desapareceu a igreja alternativa veio ao de cima. Mas se esta explicação é demasiado complicada, ou inaceitável aos estritos materialistas, pode-se traduzi-la em dólares e libras.   

Recentemente, o pandita judaico Zev Chafets ergueu-se em defesa do desportista americano Richardson que foi suspenso por dizer que os Judeus são poderosos e astutos. Disse ele: “Os Judeus têm o melhor sistema de segurança do mundo. Estiveram alguma vez no aeroporto de Tel Aviv? São na verdade astuciosos. Ouçam, eles são odiados por todo o mundo, por isso têm de ser astuciosos. Têm muito poder neste mundo, sabem o que quero dizer? Eu penso que é grande. Não penso que haja qualquer coisa de errado nisso. Se olharem para maior parte dos desportos profissionais, eles são dirigidos por judeus. Se olharem para muitas das corporações mais bem sucedidas, elas são geridas por judeus. Não é mentira, eles são mesmo gente manhosa”.

Chafets insistiu: “Desculpem-me lá, mas Richardson não disse nada ofensivo. De facto, os Judeus, como pessoas, são espertos. Diz-me a experiência. E eles têm orgulho nisso (especialmente os patetas). Que outras coisas ofensivas o Richardson quereria dizer? Que Israel tem a melhor segurança de aeroportos do mundo? Isso é verdade e Israel gaba-se disso. Que os Judeus são odiados e precisam de proteger-se? Isso é a premissa básica da própria Liga Anti-Difamação. Claro, Richardson exagera quando diz que os Judeus possuem a maior parte dos grupos desportivos. Tanto quanto sei, os Judeus (cerca de 1% da população) somente possuem metade dos grupos na NBA (10) (e uma boa proporção também no beisebol e no futebol). E depois? Quanto à observação de que os judeus dirigem muitos negócios de êxito, é verdade. Os Judeus são muito provavelmente o grupo étnico mais bem sucedido economicamente nos EUA. E que importância tem isso?”

A esta pergunta (“Que importância tem isso?”) respondeu David C. Johnston  no New York Times. Ele escreveu: “A desigualdade  [nos EUA] nos vencimentos  cresceu significativamente em 2005, com 1% dos Americanos — aqueles  com vencimentos nesse ano de mais do que $348.000, recebendo a sua maior fatia do produto nacional desde 1928, como mostra a análise dos recentemente publicados dados tributários. Estes novos dados mostram que 300.000 americanos, colectivamente, tiveram um vencimento tão grande como o dos restantes 150 milhões. Por pessoa, o grupo superior recebeu 440 vezes mais do que a pessoa média de baixo, quase duplicando  o desnível de 1980.”

Uma pergunta a que Johnston não responde (nem sequer põe) é: “dos 300.000 americanos do topo que colectivamente receberam tanto vencimento como os 150 milhões de baixo, quantos pertencem ao “grupo étnico mais bem sucedido economicamente nos EUA”? Não é de esperar que — na ausência duma igreja nacional ou outros limitadores não-económicos — a sua influência na política dos EUA seja grosso modo proporcional ao seu vencimento conjunto ?

“Democracia” é um sistema político ideal em que cada pessoa tem um voto e todos os votos são iguais. Este ideal pode dificilmente ser realizado, mesmo na inexistência da desigualdade económica, pois há sempre mais ou menos pessoas influentes pelas suas capacidades. Nas condições descritas por Johnston, quando um membro da elite tem o vencimento de 500 pessoas comuns, a democracia está seriamente minada. Mas este ideal está logo traído se estas pessoas da elite possuem os meios de comunicação de massas e assim têm capacidade de moldar a mundivisão dos outros. Concordo sinceramente com Frau Merkel que disse: “Uma imprensa livre é uma das pedras básicas da nossa sociedade e a base de todas as liberdades.”. Mas não sei por que ela considera a imprensa livre, se é possuída pelos donos  dos media, judeus e judeófilos, como Alfred Neven Du Mont, dono de uma das mais antigas casas editoras da Alemanha e dono em parte do jornal israelita Haaretz (ela falou na festa de aniversário dele) ou o vosso próprio Berlusconi?   Por que razão esta imprensa é mais livre do que a imprensa controlada pelo Estado na Rússia de Putin? Um estado pode ao menos pretender que representa todos os seus cidadãos.                     

Por que sublinho “donos dos media, judeus e judeófilos”? Não bastava dizer “donos dos media”? Não, na verdade. Um Haretz de DuMont pode publicar uma peça intitulada “Confissões de um racista anti-germânico”, mas um jornal alemão de DuMont não poderia nunca publicar tal peça por um homem que não goste dos Judeus. A judeofilia integra os donos dos media e seus pertences numa máquina totalitária, como a ideologia comunistas integrava todos os media soviéticos num dispositivo totalitário (e chato). Esta comparação pode ser desenvolvida: nos EUA e no Ocidente em geral, a Judiaria ocupa as alturas controladoras que eram próprias do Partido Comunista na URSS: praticamente sem ser mencionado na Constituição, formalmente não fazendo parte do aparelho de Estado, este corpo opaco controla todos os processos e não é controlado por forças externas. O Joe Public não é representado na mesa das principais Organizações Judaico-americanas , do mesmo modo que Ivan Publicov não o era no  Politburo.

Outrora, esta posição era ocupada pela Igreja. As campanhas anti-clericais consumiam muita da energia e do pensamento populares no fim do século XIX e começos do século XX. A principal queixa era que a igreja controlava a sociedade, mas não era controlada pela sociedade. O Partido Comunista na Rússia (ou o fascista no vosso país, com todas as diferenças reconhecidas e admitidas) enfrentou a mesma queixa. Agora é tempo de nos voltarmos para o novo usurpador, pois a maioria não elegeu a Judiaria para guiar e controlar o seu processo de pensamento. A excessiva influência da Judiaria é um indicador da falta de democracia: num país verdadeiramente democrático, a Judiaria teria uma influência proporcional ao seu número. Mas a história ainda não acabou e a liberdade pode chegar mandando a Judiaria pelo mesmo caminho da Igreja e do Partido, isto é, para um modesto nicho da nossa dinâmica sociedade.

 

Os revisionistas do Holocausto acreditam que o poder judaico entrará em colapso se a história do Holocausto for minada. Eles acreditam que “o poder judaico está baseado na mentira”. Não concordo. O poder da Judiaria é bem real, é baseado no dinheiro, na ideologia e em tudo em que um poder pode basear-se. Este poder real pode e deve ser desfeito, e então a história do Holocausto não terá interesse para ninguém a não ser para um parente próximo.

Levada pelo amor da liberdade e compaixão, esta solução será boa para os judeus individuais, Qual é a posição do judeu individual em relação à Judiaria? É a mesma que a dum membro individual dum Partido em relação ao Partido. Nos últimos dias da União Soviética, havia 16 milhões de membros do Partido; era lucrativo ser membro; mas quando a filiação deixou de trazer benefícios, o número dos membros encolheu para algumas centenas de milhar. Não se veja isso como tragédia. Os comunistas de ontem recuperaram a liberdade. Alguns deles (como Ieltsin) tornaram-se anti–comunistas, outros abandonaram a política para seguirem o credo religioso, ou fazer comércio ou negócios. Aqueles comunistas que permaneceram também não lamentam o colapso, pois separaram-se dos hipócritas e não têm de tentar agradar a milhões de pequenos burgueses, e podem proclamar a sua verdadeira crença.

Do mesmo modo, desfazer a Judiaria, levando a sua influência à proporção do seu número, provocará um êxodo ideológico em massa. Dos 16 milhões de Judeus, provavelmente algumas centenas de milhar permanecerão fieis  à Lei Mosaica e ao Talmude e ao estudo da Cabala (que passem bem!), enquanto os restantes encontrarão outros interesses e fidelidades (que passem bem igualmente!). Todos eles ficarão agradecidos a dissidentes como o Dr. Toaff que enterrou o mito do anti-semitismo e os ajudou a recuperar a liberdade.

Não podem eles ser livres neste enquadramento actual da Judiaria? Nos anos de 1970-80, uma questão semelhante se levantou a respeito da liberdade e pluralismo dentro o Partido Comunista. Não teve solução. Ora a Judiaria não é menos monolítica do que o Partido, permite um certo espalhe de opiniões, mas este espalhe é muito restrito. À direita, temos Gilad Sharon (11), que quer despojar os não-judeus da cidadania israelita; à esquerda temos Uri Avnery (12), que na verdade propõe o mesmo. Podemos e devemos ajudar os Judeus a recuperarem a liberdade, como os membros do Partido, e antes deles, os atendentes da Igreja, foram ajudados a recuperar a sua liberdade de escolha. (13) ¶

 

 

 

(1)Uma guerra local que passou inteiramente desapercebida entre nós: Nagorno-Karabakh no tempo da URSS fazia parte do Azerbaijão, mas era predominantemente de população arménia. Desfeita a URSS, a Arménia fez a guerra contra os Azeris de 1991-1994 para recuperar território que considerava seu. Dois pequenos países do Cáucaso, de língua e religião nominal  muito diferentes. LUSO

 

(2)Volhinia = Região fronteiriça entre a Ucrânia e a Polónia, limitada aproximadamente entre os rios Bug e Pripiat’. Mais um exemplo da política de promiscuidade nacional da URSS, que está a ser imitada pela “U.E”. Rzecz pospolita (polaco) é o nome oficial dum estado federativo formado pela união de dois feudos nobres fronteiriços no século XVI. Parece fazer parte hoje da Bielorússia. LUSO

(3) Padre dominicano (1548-1600) morreu na fogueira como herético que não quis  “arrepender-se” do seu pensamento. LUSO

 

(4)”Disse, pois, Moisés: Irei, e verei esta grande visão, e por que causa se não consome  a sarça”. Ex 3:3. LUSO

 

5) Agip = Azienda Nazionale Italiana Petroli. LUSO

 

(6) AIPAC = American Israel Pubblic Affairs Committee, o poderoso lobby israelita nos EUA. LUSO

 

(7) Influente sociólogo de Nova Iorque, esquerdista. Escreveu uma carta aberta a José Saramago exprobrando-o de condenar a guerrilha colombiana.LUSO

 

(8) Judeu norte-americano, autor do livro “A Indústria do Holocausto”. LUSO

 

(9) Institute of Jewish Studies, em Jerusalém. LUSO

 

(10)National Basketball Association. LUSO

 

(11) Gilad Sharon, filho mais novo de Ariel Sharon, racista como seu pai, destruiu documentação que lhe fora pedida pelo tribunal que queria julgar Ariel em caso de corrupção. LUSO

 

(12) Uri Avnery, activista israelita pela paz. Parece que ele propõe dois estados na Terra Santa: um judaico  e outro árabe. E assim se compreende a afirmação de Israel Shamir. LUSO

 

(13) Na verdade, não vejo em que a Igreja possa comparar-se ao Partido Comunista da URSS, nem à Judiaria moderna. Talvez o autor se refira à Igreja do século XVI na Península Ibérica, em que os Judeus foram obrigados a converter-se ao Catolicismo ou a emigrarem. Se é este o caso, o autor deveria ter-se-lhe referido

 

 

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